É importante entender que os animais que vivem debaixo de água não necessitam de nós apenas para se alimentar e terem abrigo, como com os mamíferos, mas para algo tão básico como respirar. Nos nossos aquários vivem permanentemente num volume de água muito reduzido (comparativamente a um rio) - um ambiente volátil e dado a pequenas alterações. Alterações essas que, por muito ligeiras que pareçam para nós, podem ser fatais para os seus habitantes.
De forma a proporcionar uma boa qualidade de água, de forma constante, sem alterações bruscas e com as características certas para os nossos animais devemos ter em conta vários parâmetros. De um modo geral, os mais importantes são, por ordem de importância:
Existem outros elementos relevantes, como Nutrientes, Cloro, Salinidade, etc. No entanto, para não complicar, iremos falar apenas daqueles mais relevantes para a maioria das situações.
O PH , por vezes referido como Potencial de Hidrogénio, é uma escala utilizada para especificar a acidez ou basicidade de um líquido e, consequentemente, o balanço de iões de hidrogénio relativamente aos de Hidróxido, presentes no mesmo. Na aquariofilia este parâmetro é bastante importante, pois influência directamente todos os seres vivos presentes no aquário, inclusive as plantas.
É medido numa escala que vai de 0 a 14, sendo considerados valores de 0 a 6.9 como ácidos, 7 como um valor neutro, e de 7.1 a 14 como alcalinos. Cada nível corresponde a 100x o valor anterior. Ou seja, PH 7 tem 100x mais alcalinidade de PH 6.
Ao escolhermos animais para os nossos aquários devemos ter em consideração os parâmetros no seu habitat selvagem, ou pelo menos tentar seguir as indicações dadas pelos criadores e fornecedores.
A estabilidade é a chave. Desde que não esteja muito longe dos parâmetros tidos como aceitáveis, é preferível obter um valor menos ideal mas estável, do que estar a introduzir alterações bruscas no PH que podem provocar aos peixes stress e problemas de saúde.
É sempre preferível, antes de adquirir um peixe, verificar qual o PH da água a que tem acesso, e fazer a sua escolha tendo esse ponto em consideração.
De um modo geral, a maioria dos peixes, invertebrados e plantas comercializados para aquáriofilia de água doce, vivem confortáveis com um PH perto de neutro (7). Existem excepções, portanto é imperativo saber as necessidades dos respectivos animais de antemão e estar preparado para lhes dar as melhores condições quando os receber.
A maioria dos peixes disponiveis em aquáriofilia, é proveniente de zonas tropicais ou sub-tropicais, com temperaturas entre os 18 e os 28C. No nosso país as temperaturas podem descer ou subir a níveis perigosos para eles, principalmente no inverno, e no pico do verão.
Relativamente ás temperaturas altas, podemos utilizar ventoinhas ou sistemas de refrigeração próprios para aquáriofilia. No entanto a maioria da vezes, estando os aquários, dentro de casa, num local relativamente arejado, e afastado de luz solar directa, este problema é limitado a curtos períodos de tempo, e os animais aguentam, sem grandes problemas.
Quanto ao frio já é um pouco mais complicado. Na maioria do ano, a água dos nossos aquário permanece abaixo do que é recomendado para a maioria das espécies. A solução mais comum passa pela obtenção de um equipamento chamado Termostato. Este é colocado normalmente dentro do próprio aquário, totalmente submerso, e aquece a água ao mesmo tempo que a resistência no seu interior vai irradiando calor para a água, de forma gradual, através do vidro que a envolve.
Estes termostatos costumam ter a indicação de uma altura mínima por onde devem estar cobertos de água. Nunca, em momento algum, o termostato deve operar com o nível da água abaixo desta indicação. Desligue-o uns minutos antes de proceder a uma troca de água, e tente não se esquecer de o voltar a ligar quando a operação estiver concluída.
A maioria dos termostatos possui tamanhos e potências variadas, para corresponder ás diferentes necessidades. Geralmente têm entre 25W e 500w. Uma forma comum de calcular qual o termostato adequado ao seu aquário é comparando o volume de água do aquário com a potência e procurar ter 1W por 1lt de água. Por exemplo para um aquário de 50lt, deverá ter um termostato de +/- 50W.
Existem também termostatos e equipamentos de arrefecimento que são utilizados em união com sistemas de filtragem e circulação de água, aquecendo ou arrefecendo a água enquanto ela circula pelo seu interior. No entanto costumam ser bastante mais dispendiosos e não adequados a todos os aquários.
Um conjunto de elementos aos quais também devemos dar importância, são os elementos do Nitrogénio. Estes são identificados por nós através de testes de água e caracterizados por serem potencialmente muito tóxicos e fatais para a nossa fauna. São eles Amónia (NH3) ou Amonium (NH4), Nitritos (NO2) e Nitratos (NO3).
Amónia é extremamente tóxica, Nitritos são também bastante tóxicos, mas já um pouco menos., e Nitratos são um pouco menos perigosos, podendo existir alguma concentração de Nitratos (- de 20ppm) sem motivo para grande alarme. Devem no entanto ser sempre controlados com bastante atenção, e são um bom indicador de quando deve fazer trocas de água.
De forma a poder-mos eliminar estes elementos tóxicos, devemos ter sempre uma boa capacidade de filtragem biológica. Existe todo um conjunto de microrganismos responsáveis por processar Amónia e Nitritos, e mesmo as plantas consomem também Nitratos.
Sugerimos que visite a página dedicada ao Ciclo do Nitrogénio para mais informações.
De forma a manter estes elementos sob controle, tenha muito cuidado com a quantidade de alimento que fornece aos seus animais. De igual forma, assegure que a comida que dá é toda consumida em apenas alguma horas, pois a que não for, irá decompor-se e gerar poluição. Esteja também atento a comportamentos invulgares nos seus peixes, sinais de stress, doença e súbito aparecimento de algas e diatomácias (manchas castanhas).
Mantenha uma rotina de trocas de água regulares e testes á água.
Embora seja possível, com a experiência, detectar indícios visíveis de parâmetros indesejados no aquário, se a situação for já detectável a olho nu, provavelmente os seres vivos já estarão a ser submetidos a uma situação de stress e sofrimento. Não devemos igualmente assumir que está tudo como desejado, pois nem sempre é fácil prever todas as variantes que ocorrem num ambiente tão propício a alterações como um aquário. Logo, manter uma rotina de testes ocasionais á água é essencial.
O GH é um indicador de dureza geral da água, permite-nos obter uma ideia de quantos sais existem na água, principalmente no que diz respeito a cálcio e magnésio.
Água com muito GH é considerada água "Dura" e água com pouco GH é considerada água "Mole".
Para a maioria dos peixes de água doce, o GH não é um elemento que cause grandes preocupações, desde que não se mantenha a níveis extremos. É mais relevante para invertebrados, que utilizam determinados sais e minerais para a constituição dos próprios exosqueletos. Procure informar-se dos requisitos de cada animal antes de o adquirir.
O KH é um indicador da dureza carbonatada da água. Refere-se á presença de bicarbonatos, e mais importante, á capacidade da água, em manter uma dureza e alcalinidade estável.
A dureza carbonatada está directamente associada ao PH. Uma água com um KH a 0 é mais propícia a ter o PH com flutuações bruscas, enquanto que água com um indice de KH mais alto, permite ter o PH mais estável.
Isto é mais relevante quando falamos de manutenção de espécies muito sensíveis a choques de parâmetros ou que necessitam permanentemente de PH e dureza de água mais alta ou mais baixa que o normal.
TDS, traduzido para português como Total de Sólidos Dissolvidos, é um indicador geral de partículas e elementos na água que não sejam moléculas de água pura (H2O).
Como deve calcular, refere-se a uma imensidão de coisas diferentes: sais, minerais, químicos, matérias orgânicas, etc.
O TDS é um indicador útil para obter-mos uma ideia geral da pureza da água, principalmente quando temos como objectivo manter uma água mole, sem grandes concentrações de sais e minerais. Para as restantes situações o valor de TDS é um pouco secundário, exactamente porque pode referir-se a todo um conjunto de coisas, não especificando o quê.
Como já deve ter notado, a água não é toda igual, e é importante termos noção que não ter controlo sobre a química da água onde temos os nossos animais, pode ser negativo.
O ideal será ter como testar todos os elementos, no entanto reforçamos a importância de testar pelo menos:
Evite tentar ajustar cada parâmetro com químicos e outras soluções a curto prazo, pois isto pode destabilizar todo o ecossistema e levar á quebra do sistema imunitário dos animais - situação a que normalmente chamamos de "choque". É preferível adquirir animais que sejam compatíveis com os parâmetros de água a que temos acesso, do que tentarmos constantemente alterar a água de forma a irmos ao encontro das suas necessidades.